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Concessão bilionária da Compesa levanta alerta nos municípios: “Onde está a transparência?”, questiona Márcia Conrado

Por Ricardo Gouveia | Blog do Ricardo Gouveia

A concessão da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), estimada em R$ 12 bilhões, virou motivo de alerta entre os prefeitos do interior pernambucano. Nesta quinta-feira (26), a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), criticou a falta de transparência na forma como os recursos dessa negociação bilionária serão distribuídos — e levantou uma questão central: como garantir que os municípios mais necessitados não fiquem à margem desse processo?

A outorga, que será paga exclusivamente ao Governo do Estado, ainda não apresenta critérios claros de repasse aos municípios, especialmente os que enfrentam sérias dificuldades no abastecimento de água — um problema crônico em várias regiões do Sertão. Para Márcia, que também já presidiu a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), é essencial que a entidade exerça pressão para garantir uma divisão justa, equitativa e transparente desses recursos.

“Precisamos ter garantias de que os investimentos vão chegar a quem precisa e de que a partilha dos recursos será justa. Hoje, há um poder de decisão muito grande concentrado no Governo do Estado”, pontuou a prefeita.

Conrado lembrou que, com base em experiências similares, como a concessão da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) — respaldada por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF)Serra Talhada teria direito a cerca de R$ 57,9 milhões. Mas com o modelo atual, nada está assegurado.

⚠️ Interior em alerta, microregiões em movimento

A movimentação nos bastidores é intensa. Na próxima terça-feira (1º), os Comitês Gestores das duas Microrregiões de Água e Esgoto de Pernambuco (MRAE I e MRAE II) se reúnem para discutir o novo edital de licitação da Compesa, que passou por alterações após uma consulta popular. A expectativa é que os representantes dos municípios levem à mesa o debate sobre critérios objetivos de repartição do valor da concessão.

Essa reunião pode ser um divisor de águas — literalmente e politicamente.

🧭 Opinião: Dinheiro público deve seguir prioridades públicas

Quando uma concessão pública envolve cifras bilionárias, a sociedade tem o direito (e o dever) de questionar: quem vai ganhar com isso?

A concentração do poder de decisão no Estado, sem regras claras para redistribuição, abre margem para centralização injusta de recursos que, na prática, deveriam ir direto para as torneiras — ou melhor, para os projetos de saneamento básico de cidades esquecidas pelas políticas de infraestrutura.

Márcia Conrado não está apenas defendendo Serra Talhada. Ela está vocalizando um grito coletivo do interior que pede socorro há décadas, convivendo com a escassez hídrica, a seca e a negligência estatal.

A Amupe, por sua vez, tem agora um papel decisivo: ou se torna protagonista na construção de um pacto federativo mais justo em Pernambuco ou será apenas mais uma peça no jogo do faz de conta.


📌 Fique de olho! O Blog do Ricardo Gouveia continuará acompanhando os desdobramentos da concessão da Compesa e trazendo os bastidores das decisões que podem impactar diretamente o futuro do abastecimento e do saneamento no interior pernambucano.

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Sobre Ricardo Gouveia

Ricardo Gouveia é jornalista sob o DRT nº 5662/PE, com pós-graduação em Comunicação,escritor, pastor evangélico com formação em teologia, psicologia pastoral, capelania e missiologia, além de ser bacharel em Biomedicina e Enfermagem.

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