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OPINIÃO: CONFUSÃO NO SÃO JOÃO DE ÁGUAS BELAS: SHOW DE WALLAS ARRAIS TERMINA EM AGRESSÃO E POLÊMICA

 

 
Por Ricardo Gouveia – Blog Oficial

O que era para ser mais uma noite de celebração no tradicional São João de Águas Belas acabou se transformando em um verdadeiro escândalo envolvendo o cantor Wallas Arrais. A festa, marcada por alegria, cultura e música, terminou em confusão generalizada, atrasos e, segundo a Prefeitura, até agressão física a um dos organizadores do evento.

O INÍCIO DO PROBLEMA

Conforme informado pela Prefeitura Municipal, o show de Wallas Arrais estava originalmente previsto para o dia 15 de junho. No entanto, o artista chegou com mais de duas horas de atraso, o que impossibilitou sua apresentação naquela noite. Uma nova data foi então agendada: 26 de junho.

Para que a reprogramação funcionasse dentro da legalidade — respeitando os limites de horário previstos por lei — e para que todas as atrações pudessem se apresentar com qualidade e tempo justo, a Prefeitura afirmou que entrou em contato com a produção de Wallas com antecedência. O objetivo era realizar montagem e passagem de som mais cedo, sem comprometer o cronograma.

DESCUMPRIMENTO DE ACORDOS E ATRASOS

No entanto, o combinado não foi cumprido. A produção de Wallas Arrais, segundo nota oficial da gestão municipal, não respeitou o acordo firmado com a Banda Aveloz — que abriria a noite. A banda acabou prejudicada, pois o cantor não realizou a passagem de som no momento acordado.

Mesmo com o contratempo, a Banda Aveloz encerrou sua apresentação às 21h40, com apenas 10 minutos além do previsto. A equipe de Wallas teria, então, 30 minutos para montar o palco e ajustar os equipamentos, mas utilizou cerca de 50 minutos — um atraso significativo que comprometeu todo o cronograma da noite.

O show de Wallas Arrais deveria ser encerrado às 23h40, mas, por conta da demora, não foi possível cumprir esse horário. A produção do evento, em comum acordo, concedeu 10 minutos extras de tolerância. Ainda assim, à meia-noite, o cantor permanecia no palco sem sinal de encerrar sua apresentação.

DESRESPEITO E AGRESSÃO

A situação, que já era tensa, tomou proporções mais graves quando, de acordo com a Prefeitura de Águas Belas, o cantor Wallas Arrais agrediu um dos organizadores da festa. O profissional teria sido empurrado pelo artista, sendo também agredido pelos seguranças da banda.

Vídeos da confusão circularam rapidamente nas redes sociais, mostrando o tumulto no palco. Tapa para todos os lados, gritos e empurra-empurra registraram o momento em que a festa perdeu completamente o controle.

A gestão municipal emitiu nota repudiando a postura do artista, classificando sua atitude como um “total desrespeito com o município, com a produção do evento e com o artista Japãozin”, que seria a última atração da noite e acabou impedido de se apresentar.

OUTROS CASOS DE ESTRELISMO

O caso de Wallas Arrais não é isolado. Recentemente, em Jequié, na Bahia, a cantora Ana Castela também foi alvo de críticas do prefeito da cidade, que publicou vídeo em suas redes sociais denunciando o comportamento da artista. Segundo ele, Ana foi grosseira, desrespeitosa com o público — especialmente com as crianças — e mostrou despreparo em lidar com os compromissos assumidos.

REFLEXÃO

Episódios como esses acendem um alerta sobre o comportamento de certos artistas que, mesmo com cachês altos e visibilidade, demonstram falta de profissionalismo e desrespeito com o público, com as produções locais e com os próprios colegas de palco.

Festas populares como o São João de Águas Belas são espaços de cultura, tradição e alegria. O público merece respeito, e os artistas devem ter consciência de que fazem parte de um espetáculo coletivo — onde o brilho não está apenas no palco, mas no comprometimento com todos os envolvidos.


OPINIÃO | Quando o estrelismo apaga o brilho da festa popular
Por Ricardo Gouveia

O que aconteceu em Águas Belas durante o São João não é apenas um caso isolado de desorganização ou “desentendimento de bastidores”. É um retrato preocupante do comportamento de certos artistas que parecem esquecer que, antes da fama, há o compromisso — com o público, com a cultura e com quem promove o seu próprio sucesso.

O cantor Wallas Arrais protagonizou um dos episódios mais lamentáveis do ciclo junino deste ano em Pernambuco. Chegou atrasado, descumpriu acordos, comprometeu a estrutura da festa e ainda terminou a noite em um ato de violência que, segundo a nota oficial da prefeitura, culminou na agressão a um dos organizadores. Isso vai além de uma simples falha de agenda ou erro técnico: é desrespeito escancarado.

Infelizmente, esse não é um caso único. A postura da cantora Ana Castela, criticada publicamente pelo prefeito de Jequié (BA) por sua grosseria com o público infantil, revela um padrão perigoso. Há artistas que confundem fama com superioridade. Esquecem que são contratados — pagos com dinheiro público, diga-se de passagem — para servir à cultura, e não para impor regras pessoais ou agir como se estivessem acima de tudo.

Festas juninas como a de Águas Belas são um patrimônio. Carregam história, tradição e o suor de muita gente que se empenha para oferecer momentos de alegria ao povo. Quando um artista atrasa, compromete o tempo dos colegas. Quando não respeita o público, desrespeita a cidade. E quando agride alguém da produção, rompe todos os limites do aceitável.

Mais do que nunca, é preciso que os gestores públicos e os organizadores de eventos tenham coragem para barrar esse tipo de comportamento. Seja cancelando contratos, acionando a Justiça ou simplesmente deixando de contratar quem não sabe lidar com o próprio ofício. O respeito deve estar acima do cachê. E o talento, sem humildade, se perde no caminho.

A festa pode continuar linda. Mas o palco não é lugar para estrelismo, e sim para entrega, respeito e compromisso com quem faz a cultura nordestina brilhar de verdade: o povo.


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Sobre Ricardo Gouveia

Ricardo Gouveia é jornalista sob o DRT nº 5662/PE, com pós-graduação em Comunicação,escritor, pastor evangélico com formação em teologia, psicologia pastoral, capelania e missiologia, além de ser bacharel em Biomedicina e Enfermagem.

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