Foto: Roberta Guimarães
Sábado, 21 de Setembro de 2024 ás 18:01 - Por Ricardo Gouveia
O deputado estadual Izaías Régis (PSDB), atual candidato à prefeitura de Garanhuns e lider do Governo Raquel Lira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE), enfrenta uma campanha marcada por desafios que podem colocar em risco não só sua vitória nas urnas em 2024, mas também o fortalecimento de sua base política para 2026. Ao optar por concorrer à prefeitura, em vez de apoiar o também candidato Gersinho Filho (PL), Régis pode estar adotando uma estratégia arriscada que pode custar caro a longo prazo.
Izaías Régis, que governou Garanhuns por dois mandatos (2013-2020), conta com um histórico de gestão reconhecido na cidade, mas enfrenta uma dura disputa contra o atual prefeito Sivaldo Albino (PSB), que busca a reeleição. No entanto, ao insistir em disputar a prefeitura novamente, o deputado pode estar fragmentando o campo oposicionista ao governo de Albino, enfraquecendo, assim, as chances de ambos os candidatos de derrotarem o atual gestor. Gersinho Filho, que também tenta desbancar Sivaldo Albino, surge como uma figura promissora, mas não tem contado com o apoio decisivo de Régis, o que poderia criar uma aliança sólida e aumentar as chances de vitória no pleito atual.
Ao invés de unir forças com Gersinho Filho e consolidar uma base política mais ampla e no município, Izaías opta por uma campanha solo, o que pode gerar consequências negativas tanto para ele quanto para seu grupo político. Com a divisão de votos no campo da oposição, o maior beneficiado pode ser o atual prefeito, que lidera as pesquisas e tem uma base de apoio consolidada. A insistência de Régis em concorrer pode ser interpretada como uma estratégia egoísta, priorizando seus interesses pessoais em detrimento de uma construção política mais robusta para o futuro.
A falta de apoio visível da governadora Raquel Lyra (PSDB) à campanha de Izaías Régis (PSDB) para a prefeitura de Garanhuns é um indicativo claro de sua perda de relevância no cenário eleitoral local. O distanciamento da governadora tem enfraquecido a projeção política de Régis, que enfrenta uma disputa acirrada sem o respaldo consistente de uma de suas principais aliadas. Essa ausência pode ter um impacto significativo na autonomia do deputado estadual durante o pleito, comprometendo suas chances de retorno à administração municipal.
Enquanto Izaías tenta reconstruir sua base política, o filho do atual prefeito Sivaldo Albino (PSB), Cayo Albino, tem ganhado destaque tanto na esfera pública quanto nos bastidores políticos. Jovem e com uma atuação cada vez mais presente, Cayo desponta como uma figura promissora e já é visto como um potencial adversário para Izaías em futuras disputas, especialmente na corrida de 2026. Sua crescente influência é um reflexo do fortalecimento do grupo político liderado por seu pai, que busca consolidar uma nova geração de liderança em Garanhuns.
O enfraquecimento do apoio de Raquel Lyra em sua campanha, combinado com a ascensão de Cayo Albino, pode redesenhar o cenário político de Garanhuns nos próximos anos. Izaías, que antes era visto como uma liderança incontestável na cidade, agora precisa enfrentar não apenas adversários tradicionais, mas também uma nova dinâmica de poder que ameaça sua hegemonia política.
Olhando para 2026, essa decisão de manter-se candidato pode ser ainda mais prejudicial. Ao enfraquecer o apoio a Gersinho Filho em 2024, Izaías arrisca não apenas a própria derrota, mas também a desarticulação de uma possível aliança que poderia ser decisiva nas eleições estaduais de 2026. Uma vitória de Gersinho neste ano abriria caminho para uma base de apoio mais sólida e coesa, que poderia beneficiar o PSDB e seus aliados nas futuras disputas pelo governo estadual ou por cadeiras legislativas. Ao seguir esse caminho, Régis pode estar abrindo mão de um importante trunfo para a articulação política regional.
Se Izaías perder a eleição, seu capital político pode ser drasticamente reduzido, enfraquecendo sua capacidade de influência tanto na Assembleia Legislativa quanto em sua própria cidade natal. Além disso, ao não apoiar um candidato mais jovem e com potencial de crescimento, ele pode estar minando o futuro de sua própria base eleitoral, dificultando a renovação de lideranças locais.
Em um cenário eleitoral polarizado, a escolha de Izaías Régis de disputar a prefeitura sem um apoio significativo a Gersinho Filho pode ser vista como uma aposta de alto risco. Se essa estratégia falhar, não só as chances de vitória em 2024 estarão comprometidas, mas também o futuro político de Régis e de sua base no Agreste Meridional.
O que se espera, diante desse contexto, é que uma análise mais aprofundada das consequências de sua candidatura seja feita. A política exige alianças estratégicas, e a falta de uma visão de longo prazo pode custar caro para quem pensa apenas no presente.
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