Na última sexta-feira (4), o cenário político do Agreste pernambucano ganhou mais um capítulo digno de atenção: o ex-prefeito de Águas Belas, Luiz Aroldo, declarou apoio à pré-candidatura de Regina da Saúde — ex-prefeita de Itaíba — à Assembleia Legislativa de Pernambuco em 2026. O anúncio foi feito durante um encontro político em Itaíba, que contou também com a presença de nomes de peso como o prefeito Pedro Pilota e o vereador Salomão, de Buíque.
A adesão de Luiz Aroldo, um dos quadros mais expressivos da região e ex-prefeito por dois mandatos, fortalece o projeto político de Regina da Saúde, que tem buscado ampliar sua influência para além de Itaíba. Ela vem percorrendo diversos municípios e construindo pontes com lideranças locais, o que evidencia uma articulação bem planejada com vistas à próxima eleição estadual.
Entretanto, por trás desse movimento político aparentemente positivo, há uma realidade que precisa ser encarada: a desestruturação do Partido dos Trabalhadores (PT) no Agreste. Luiz Aroldo, que até pouco tempo era uma das referências do PT na região, agora caminha em outra direção, o que sinaliza um distanciamento de parte das lideranças locais com o partido.
Essa movimentação enfraquece ainda mais a situação do deputado estadual Doriel Barros, atualmente um dos nomes mais relevantes do PT em Pernambuco. Sem o apoio unânime das bases do partido e vendo quadros históricos seguirem caminhos diferentes, Doriel passa a enfrentar um isolamento político que pode comprometer sua reeleição. A falta de renovação, disputas internas e uma condução centralizada têm corroído a base petista na região, o que abre espaço para outras forças políticas se consolidarem.
O apoio de Luiz Aroldo a Regina da Saúde, portanto, deve ser visto não apenas como um endosso pessoal, mas como reflexo de uma mudança de rumos. A pergunta que paira no ar é: qual o real peso desse apoio? Embora Luiz Aroldo ainda detenha capital político, principalmente em Águas Belas, seu impacto fora dos limites do município pode ser limitado — sobretudo se não houver uma articulação ampla com outros grupos regionais. Por outro lado, sua ruptura com o PT é emblemática e serve como termômetro da fragilidade partidária no Agreste.
Ao que tudo indica, o cenário político da região caminha para uma maior fragmentação, com novas alianças sendo formadas à margem dos partidos tradicionais. E, nesse contexto, a ausência de uma frente sólida e coesa por parte do PT pode custar caro em 2026.
No final das contas, o gesto de Luiz Aroldo é sintomático: não apenas sinaliza apoio a um nome promissor, mas também denuncia, silenciosamente, o esvaziamento político de uma legenda que já teve protagonismo no interior de Pernambuco. Se o PT quiser manter algum fôlego no Agreste, precisará, urgentemente, repensar sua estratégia, renovar suas lideranças e, principalmente, ouvir mais as vozes das bases — antes que elas sigam caminhos como o de Luiz Aroldo.
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